O conselho de Fabiano e a projeção nacional de Cássio

fabiano-cassioLi com extrema atenção recente artigo publicado por Fabiano Gomes em seu blog tratando sobre o destino político do senador Cássio Cunha Lima. Movido pela inata curiosidade jornalística e especialmente por saber que se hoje na Paraíba existem especialistas em assunto Cunha Lima o “Gordinho”, com certeza, está na lista dos mais versados.

Um título que conquistou não por decreto governamental, mas por alimentar há mais de quinze anos uma amizade pessoal desde quando Fabiano ainda não era tão Fabiano e nem Cássio era tão Cássio. E cuja existência ambos não escondem.

Ao escrever sobre o amigo e o político, o amigo e o jornalista se confundem num só pra dizer, ambos, a mesma coisa. E algo que já não se pode mais questionar. Em apenas dois anos de atuação em Brasília, Cássio Cunha Lima se colocou como uma dos principais atores da oposição em nível nacional, compondo a mesa das decisões políticas nacionais mais importantes para o embate eleitoral de 2014. O que acaba forçando-o, mesmo para desgosto de alguns, a repensar sua participação no cenário político local.

Faça um teste. Procure marcar uma entrevista ou encontro com Cássio aqui na Paraíba. Não será raro encontrá-lo em São Paulo, numa reunião com lideranças nacionais do PSDB, em Recife, almoçando com Eduardo Campos, ou em Brasília, definindo com Aécio Neves estratégias de atuação da bancada no Congresso Nacional. Reflexo dessa atuação, não é raro também encontrá-lo registrado em matérias de blogs, portais ou jornais de circulação nacional, seja dando uma cacetada no governo federal, seja participando de articulações para a eleição presidencial 2014.

O fato é que, como registrou Fabiano, que foi obrigado a dividir  a atenção do tucano, durante um almoço, com metade do PIB político nacional, Cássio rompeu os limites da pauta local e seu tamanho político já não cabe tão somente na pequenina Paraíba. Queira ele ou não.

Veja que não se trata de abandono. Ao contrário, toda vez que um paraibano sobe um degrau na política nacional, e aí vale destaque também para figuras como Aguinaldo Ribeiro (ministro das Cidades) e o senador Vital do Rego Filho, para ficar apenas na atualidade, sem ignorar outros vultos paraibanos, a Paraíba sobe junta. E Cássio continua a falar com Saulo “Verde” com a mesma espontaneidade de antes ou defendendo a preservação de receitas para a Paraíba, como fez recentemente. Só que agora, além disso, precisa atender ao chamado de estar presente em momentos históricos nacionais, como quando participou do jantar que selou acordo entre Aécio Neves e Eduardo Campos décadas depois de ter estado como os avôs de ambos, Tancredo Neves e Miguel Arraes, em outro momento da cena política brasileira.

Como amigo e jornalista, Fabiano entendeu isso. Tanto que em seu artigo defendeu abertamente a manutenção da aliança do tucano com o governador Ricardo Coutinho para as eleições de 2014. Mesmo sendo ele um dos principais beneficiados num eventual governo Cássio. No entanto, chamou atenção para o fato de que, por estar ainda com 50 anos, Cássio tem tempo de sobra para construir seu retorno ao governo do Estado, apoiado, inclusive, pelo próprio Ricardo, nas eleições seguintes a do próximo ano. E que somente um movimento excludente de Ricardo agora poderia justificar um rompimento.

O que Fabiano deixou dizer é que, além disso, decidir ser governador não basta para sê-lo. E que enfrentar uma campanha e uma disputa política não significa abrir os olhos e acordar eleito. Significa estar exposto a críticas, a ataques e a cobranças pessoais e políticas, bem como trajetórias administrativas para comparações públicas. Quem não se lembra que nas duas últimas eleições para governador que disputou Cássio, seja na oposição, seja no governo, teve suar para vencer Roberto Paulino e José Maranhão, candidatos potencialmente mais fracos que o atual governador Ricardo Coutinho.

Mas Fabiano não disse isso porque, para ele, não é por medo ou falta de coragem que Cássio deve preservar a aliança com Ricardo. Mas por entender que sua experiência política e administrativa, seu conteúdo intelectual e sua capacidade de articulação, herança, certamente, deixada pelo poeta Ronaldo Cunha Lima no testamento sanguíneo do tucano, devem estar a serviço de um projeto maior que o debate sobre os rumos que o Brasil, e junto com ele a Paraíba, claro, deve tomar a partir de 2014.

Além de sonhar, claro, porque o Gordinho não é de ferro, em ter um amigo pessoal que transite no Palácio do Planalto com a mesma desenvoltura com que almoça ao lado da família no Bar do Cuscuz.

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