Tião Lucena: Se panfleto ganhasse eleição…

Se panfleto ganhasse eleição, Zé Maranhão seria governador da Paraíba. Nos últimos dias do segundo turno do pleito de 2010 o que mais se viu foi panfleto. Era panfleto por terra, por água e pelos ares. Aviões sobrevoaram o Estado derramando panfletos em cidades do interior, lembrando aquele aviãozinho comprado por Zé Américo par intimidar o povo de Princesa com panfletos ameaçadores em 1930. O aviãozinho, como todos sabemos, foi recebido à bala. O major Feliciano disparou seu papo amarelo na hora exata em que jogaram os panfletos pela janelinha do aeroplano. Aí o major cantou vitória: “Não matei o bicho, mas o peneiro voou!”

Os panfletos do passado chamavam Ricardo Coutinho de satanás, diziam que ele tinha parte com o cão, que não acreditava em Deus e assim por diante. Até Mário da Cruz foi escalado para, com sua imensa cruz de madeira, gritar o “Xô Satanás!” pelas ruas de Mangabeira.

O resultado disso tudo, nós vimos: Ricardo Coutinho, apontado nas pesquisas como derrotado, ganhou no primeiro e no segundo turnos.

Esse negócio de soltar panfleto difamando adversário, ou mesmo sem difamar, levantando os seus podres, sempre dá efeito contrário. O ofendido se transforma em vítima e o povo gosta desse tipo de personagem.

Em 1985 Marcus Odilon tinha tudo para ganhar de Carneiro Arnaud, mas menosprezou o adversário, a quem chamava de guabiru. Os panfletos com enormes retratos do rato feio inundaram ruas, vielas e avenidas. Carneiro terminou prefeito e Marcus Odilon só se aprumou anos depois, elegendo-se prefeito de Santa Rita.

O senador Cícero Lucena pode ter muitos defeitos, porém lidera as pesquisas e nada que jogarem nele vai pegar. Com aquela cara de sofredor, terminará transformando as pedradas em dividendos eleitorais, como é tradição aqui na terrinha.

Esse povo que fez os panfletos (dizem que o chefe é um tal de Deon) só não é mais burro por faltar-lhe o rabo e as orelhas compridas.

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