Rubens Nóbrega: Sentimento oposicionista

A julgar por essa primeira pesquisa Ipespe sobre as intenções de voto para prefeito da Capital em 2012, a preço de hoje é muito forte a vontade do eleitorado da Aldeia das Neves de votar na oposição ano que vem.
Parece-me que o desejo de derrubar o ricardismo na Prefeitura de João Pessoa é tamanho que a soma das intenções de voto nos nomes oposicionistas é duas vezes e meia a soma das intenções de voto nos governistas.
Faço a leitura por esse viés porque os resultados da Pesquisa Ipespe me mostram claramente que aquele tradicional sentimento oposicionista voltou a dominar com força o desejo de mudança dos meus concidadãos e conterrâneos.
Não tem nada de disputa embolada nessa história, como a tropa de choque ricardista tentou embolar apressadamente no meio da semana, tão logo soube da contratação do Ipespe pela Rede Paraíba de Comunicação.
Os dados hoje publicados mostram uma tendência muito clara em favor do senador e ex-prefeito Cícero Lucena, que se conseguir unir a oposição em torno dele pode muito bem começar a pensar em dar uma ‘lavada’ ano que vem.
Por essas e outras, e mesmo sem conhecer ainda os números da avaliação dos governos estadual e municipal, arrisco dizer que dessa vez o anti-ricardismo é o componente mais expressivo do sentimento oposicionista a que me referi há pouco.
Porque Cícero é, atualmente, o depositário mais fiel dessas manifestações contrárias ao governo que aí está. É o que a gente percebe aonde chega. É o que andam sussurrando em versos e trovas e combinando no breu das tocas, como diria o poeta.
Dá pra ver bem o que estou dizendo quando se faz uma conta simples no páreo em que são apresentados ao eleitor entrevistado todos os dez nomes que o Ipespe listou como prováveis candidatos a prefeito de João Pessoa.

O problema de Agra
Se considerarmos que a situação está representada por Luciano Agra (PSB) e Luiz Couto (PT), temos que eles somam 20% da preferência, contra 53% dos demais citados pelos eleitores pesquisados.
Como se não bastasse, o alcaide em exercício aparece em terceiro lugar no cômputo geral e se fosse ao segundo turno perderia tanto para Cícero Lucena (PSDB) como para José Maranhão (PMDB).
Significa que nessa largada para a sucessão municipal ele parte inferiorizado diante de quem melhor encarnaria hoje o avesso do governador Ricardo Coutinho, padrinho político e grande eleitor do prefeito.
Se Ricardo estivesse bem na fita, Cícero e Maranhão chegariam nem perto de Agra, que não consegue livrar-se do ‘encosto’ nem mesmo com a super exposição e a campanha que vem fazendo há bem mais tempo que a concorrência.
Embora tenha ainda a seu favor um gasto milionário em publicidade para promover a sua gestão, o vínculo a Ricardo impede Agra de tirar proveito até do seu estilo low profile bem ao gosto da classe média mais conservadora da cidade.
Desse jeito, de nada adiantará a máquina de cooptação azeitada, fazedora de aliados e maioria na Câmara de Vereadores, além de recrutadora do formidável exército de cabos eleitorais que geralmente se identificam como ‘lideranças comunitárias’.
A pesquisa de avaliação de governo pode até me desmentir amanhã ou depois, mas seria insincero se não dissesse aos leitores desta coluna que acho, realmente, que o grande problema de Luciano Agra atende pelo nome de Ricardo Coutinho.

E DIGO MAIS…
É sempre bom lembrar e repetir o velho chavão: pesquisa de intenção de voto sempre refletirá o momento em que for realizada e na Paraíba os resultados costumam ter a dinâmica das nuvens durante o período eleitoral propriamente dito.
Aproximar-se-á mais da realidade das urnas quem melhor pesquisar o ânimo do eleitor até lá. Nessa caminhada, pelo que sei e assuntei, dá pra confiar que o Ipespe será referência de seriedade, qualidade e credibilidade.
Basta ver pelo material que o Jornal da Paraíba começa a divulgar hoje e prossegue nas edições seguintes, feito presente aos (e)leitores que até aqui estavam sem uma fonte segura sobre como está de verdade a corrida pela Prefeitura da Capital.
Outro lembrete necessário deve ser dirigido aos líderes de agora da pesquisa. Não pensem que em razão de todo o desgaste dos últimos nove meses o ricardismo não tem condições de se recuperar e dar a volta por cima.
Evidente que tanto o soberano pode melhorar sua performance e reconquistar a simpatia popular como o próprio Luciano Agra pode obter bons resultados no investimento que vem fazendo na imagem.
Basta Sua Majestade descer um pouco do trono, ouvir ‘a voz rouca das ruas’ e re-humanizar o tratamento aos súditos. Caso contrário, não só arruinará o Agra II como abreviará o fim do Ricardo I.
Se não mudar, do jeito que vai, que vai como quem precisa melhorar muito pra ficar ruim, o monarca facilita ao inimigo a queda do império sem luta nem invasão. A continuar nessa pisada, a Roma ricardista cairá por sua própria fragilidade.

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